5 de ago. de 2011

Chile: polícia detém 197 estudantes durante manifestação

Chile: polícia detém 197 estudantes durante manifestação
04 de agosto de 2011 20h37 atualizado às 21h03
 
Estudantes foram cercados por bombas de gás lacrimogêneo durante manifestação para exigir mudanças no sistema público de educação. Foto: Reuters

Polícia reprimiu manifestação de estudantes e deteve quase 200 deles
Foto: Reuters

A polícia chilena dispersou nesta quinta-feira centenas de estudantes que pretendiam realizar uma marcha pelo centro de Santiago - que já havia sido proibida pelo governo - e deteve 197 deles, em mais uma tentativa de protesto estudantil em prol do fortalecimento da educação pública no país.

A jornada começou com os estudantes levantando barricadas em 13 pontos de Santiago com pneus e pedaços de madeiras e ateando fogo nos mesmos. Os estudantes foram dispersados pela polícia, conforme imagens divulgadas por canais de televisão locais.Esses protestos deveriam anteceder as marchas que universitários e alunos do ensino médio haviam anunciado para a tarde desta quinta-feira e para as quais o governo mobilizou mil policiais para evitá-las.

"Temos agido com prudência para respeitar os direitos de expressão, mas há um limite. Os estudantes não são os donos deste país", disse o porta-voz do governo, Andrés Chadwick, à rádio Cooperativa.

Horas depois da primeira manifestação, os estudantes tentaram reunir-se na Praza Itália para iniciar a primeira das marchas anunciadas, mas a polícia os dispersou novamente com gases lacrimogêneos e carros com jatos d"água, evitando que o protesto chegasse a Alameda, que é a principal avenida da capital chilena, apurou a AFP.

"O centro de Santiago está sitiado", disse Camila Vallejos, dirigente dos universitários. "Ninguém pode nos reprimir por nos reunirmos em espaços públicos", disse Vallejo.

Os protestos haviam sido anunciados depois que o ministro da Educação, Felipe Bulnes, entregou na segunda-feira uma proposta de 21 pontos - a segunda oferecida pelo governo - aos líderes estudantis, que deveriam respondê-la até sexta-feira. "Vamos dar um sinal de que estamos mobilizados e alertas e que a discussão não acaba com a resposta dada pelo ministro", disse à imprensa na quarta-feira Camila Vallejos.

Dois fortes sindicatos universitários, o da Universidade Católica e o da Universidade de Santiago, rejeitaram a proposta governamental e por isso participaram da tentativa de manifestação no centro de Santiago. "A ideia da marcha é que não apenas estudantes possam participar e não se manifestem apenas por temas da educação, mas também pela crise no sistema completo", disse Georgio Jackson, dirigente da Universidade Católica.

Segundo os universitários, a proposta do governo responde a uma parte de suas demandas para fortalecer a educação pública no Chile, mas só acolhe parcialmente a principal exigência, que é acabar com o lucro na educação, proibido na legislação chilena, mas burlado através de brechas legais.

A crise educacional, que já dura dois meses, mantém dezenas de universidades paradas e centenas de colégios tomados. Os estudantes já protagonizaram enormes manifestações que influenciaram na queda de popularidade do presidente Sebastián Piñera, que chegou a um mínimo de 30% em julho.

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